domingo, 12 de fevereiro de 2012


Dilma barra fantasma do aborto e pede que ministra siga só ordens de governo


RAFAEL MORAES MOURA/ BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo
Diante do fantasma da eleição presidencial de 2010, quando o PT temeu ser derrotado por conta do debate religioso em torno do aborto, a presidente Dilma Rousseff aproveitou a cerimônia de posse da nova ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, para enquadrá-la publicamente e deixar claro que as convicções pessoais devem se subordinar, agora, às políticas de governo.
Tenho certeza que meu governo ganha hoje uma lutadora incansável e inquebrantável pelos direitos das mulheres. Uma feminista que respeitará seus ideais, mas que vai atuar segundo as diretrizes do governo em todos os temas sobre os quais terá atribuição, discursou Dilma.
A rápida ação da presidente foi uma forma de evitar mais polêmica e acalmar os ânimos da bancada religiosa no Congresso, que já preparou a artilharia contra Eleonora por conta de declarações dela pró-aborto. Socióloga e militante do movimento feminista, a ministra sempre defendeu abertamente suas convicções na vida acadêmica.
Assim que foi nomeada, no entanto, a nova ministra afirmou que seguirá as orientações de governo sobre o assunto e que caberá ao Congresso decidir sobre a descriminalização do aborto.
Ontem, após o claro recado de Dilma à ministra, a numerosa plateia, que até então era só aplausos, silenciou-se.
Eleonora, por sua vez, aproveitou o discurso de posse para criticar a disseminação de padrão sexista em salas de aula e serviços públicos de saúde e defendeu os direitos reprodutivos, sem mencionar a palavra aborto. Não se pode aceitar que, ainda hoje, quando temos uma mulher no mais alto cargo do Executivo brasileiro, mulheres sejam vistas como meros objetos sexuais, que morram durante a gravidez, que tenham direitos reprodutivos e sexuais desrespeitados.
Fonte: www.estadao.com.br

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